domingo, julho 20, 2008

here is no why

às vezes eu penso e queria saber mesmo o que é isso de ter uma ambição -- daquele tipo tão óbvio que leva a pessoa ambiciosa a fazer escolhas fáceis porque seu foco na vida é incrível--; às vezes me pego querendo saber mesmo o que é isso de ter desejos não como objetos de luxo mas como o sono que você dorrme, obsessões tão sadias quanto jogging diário às cinco da manhã.
de uns anos para cá, conhecendo pesoas com paixões bem definidas, o modo como essas paixões ocupam seus quartos e vidas, percebi que tenho bastante respeito por aqueles que acabam kinda se tornando suas paixões. .
há,por exemplo, os leigos que reviram os olhos chamando-os de ok-nerds-get-a-life, e eu me sinto até um pouco culpado por não sentir culpa em reconhecer o valor de saber de cor, por exemplo, listas de habilidades, perícias, combinações de habilidades e perícias, dados, armas, clãs, categorias de personagens, reinos, mundos, magias, sistemas, autores, história, todas essas minúcias que sabe um rpg freak. penso no dinheiro gasto com livros no tempo gasto com debates, em qualquer coisa gasta com qualquer coisa como isso, e fico feliz de imaginar o fundo-de-garrafa respondendo recitando listas como recitasse batatinha-quando-nasce às dúvidas dos n00bs. o problema, eu acho, é que não são tantas as pessoas que perguntam sobre rpg quanto as que perguntam sobre pontadas no coração. e por isso os médicos é que são uh a grande coisa.
e então eu penso no que é isso que ME MOve, no que são as minhas listas de armas e magias.---------no que é isso em que eu poderia ser a refer^ncia. penso no que eu gosto de fazer, e então penso em tempo livre -- música, livros, desenhos, jogos & filmes. e sinto nessa lista uma corrente ARTSY, e isso é mesmo algo com que eu me importo; acontece de eu perder aula adiar trabalhos pra ficar em casa remanchando sobre os cadernos com coisas escritas terminando de arrematar com alguma cagada algum desenho. .
butwait. eu poderia bem ter dito que o TEMPO LIVRE ali é que é, na verdade, um das minhas paixões. não digo a liberdade total, porque jamais persegui minha liberdade ardentemente, como, não sei, um revolucionário? se não lido bem com as cobranças, lido ainda pior com as possibilidades. e aí então eu tento adaptar-me e explorar esse pequeno resto obedecer às leis menores a fim de burlar as maiores e busco brilhar meu próprio brilho entre as frestas dessas portas portas portas de madeira.
com a leve --e um tanto triste-- impressão agora de que conseguiria mesmo responder como um buda sorridente ao que me perguntassem sobre os mistérios desse cinismo.

quarta-feira, julho 09, 2008

the engima of amigara fault. milhares de buracos em forma de gente encontrados na falha exposta por um terremoto -- ------

domingo, junho 29, 2008

igloo

o nome me apareceu em sonho. roadkill. rooooadkill. e era um bom nome. quando abri os ohlos, não questionei o cabimento nem o que representava. não lembro do sentimento com que acordei, não lembro bem de onde o nome veio. o vi no ar somente, escrito feito um halo gasto a flutuar sobre os meus posts, como se tivesse sempre estado ali, como se fosse natural. eu assenti como um bebê índio, filho do inconsciente.
outros nomes já me apareceram em sonho, assim como outras coisas, que eu também resolvi aceitar. não sei. aceitar as coisas vindas dos sonhos é talvez como se reservar uma surpresa catártica para o futuro; como receber e guardar agora uma foto de alguém que você não conhece e só vai conhecer tempos depois. e então você conhece e aí está-- você entende por que manteve aquela foto.
e aí que hoje eu me dei conta. acordei há oito horas e desde então dei poucos passos para além desta cadeira preso ao computador como houvesse tirado
o telefone do gancho fugindo do que eu TENHO que fazer.;;;;; (me entregando a essa condição de não se importar com o efeito de uma estupidez dormente e raivoso de braços cruzados e testa franzida na neve perdido em paisagem de sonho onde o céu lavanda relampeia, andando entre veados carregando diamantes coloridos presos nas galhadas correndo em câmera lenta ao som de um pedal duplo de drum machine--------há dias ouvindo "pyramids", me sinto num estado perene de sonho. e eu ouço esse disco depois de uma ouvida e outra depois dessa e então outra, e eu me sinto livre preso nessa repetição.
nesse ambiente etéreo e infernal. sem precisar fazer mais nada.

["Pyramids", Pyramids, 2008]

)
e dentre as voltas voltas perseguindo o meu
próprio rabo, voltei para o meu pr´oprio blog e li ele de novo --- em parte. li algumas coisas caixa de fotos velhas e vi -- este é mesmo um blog sobre alguma coisa. este é um blog sobre A FUGA. é esse o rosto naquela foto de um estranho que eu guardei. e não é um padrão muito velado, é até fácil perceber. este é um blog sobre a fuga. cada post é sobre ficar
esperar
esquecer
fingir
ou partir.
e depois de ler e ler os posts, subindo então
em suspense a barra de rolagem, estava lá no topo, como se fosse um novo halo luminoso --- roooooadkill.

terça-feira, junho 24, 2008

we will revolt

lembro da cena do piquenique promovido por julia em "1984", quando ela , tentando confortá-lo ---e confrontá-lo, dizia a winston (que mal podia, idealista e paranóico, acreditar no cinismo da nova parceira diante de todo o horror do sistema) que era preciso respeitar as leis menores de modo a conseguir burlar as maiores. acho que foi assim. que era preciso aquiescer ao que você deve fazer, suportar a mesquinhez da rotina produtiva, que você pode usar a máscara de cidadão regular de modo a voar sob o radar, não ser apontado pelo grande-olho em função de suas diferenças e ent~ao subverter a coisa toda por detrás da aparência.
fazer o papel faz parte do idealismo------ em algum ponto de eu-em-crise acho que vi isso como uma verdade, eu fui julia no piquenique depois de trepar com winston. percebi que não se trata de não ceder nunca, mas caminhar sobre as brasas em direção ao que se quer. e isso pressupõe uma visão assustadora do mundo, de que o mundo é um lugar de renúncias. mas só é assustadora, eu imagino, porque a gente pode pensar sobre isso e ver como a gente deseja demais e possui tão poucos recursos, e que existem caminhos fáceis em demasiado pruma vida que é, no fundo, tão difícil.
mas em alguns momentos eu quero acreditar que a vida é fácil, e que os caminhos é que são difíceis. e resolvo fazer o que há de ser feito, como um trabalho de teoria da literatura II para a próxima semana, ha fuckin ha. mas tenho quse certeza de que isso parece correto poruqe não consigo pensar em uma fuga realmente efetiva, e não me disponho a tentar. olho ao redor, escuto minhas músicas, leio meus livros, escrevo minha história, vou a esse a aquele lugar na sexta-feira --- e onde está a verdadeira fuga? o que é isso que eu faço que redime eficazmente o aborrecimento? por que depois de dizer (tanto faz) sim ou não a esse trabalho de teoria da literatura II , outros trabalhos virão? por que eu me sinto tão a parte mais estúpida de julia?

sexta-feira, junho 20, 2008

denise patrícia segurou cansada o travesseiro com dois braços o seu travesseiro com o cheiro íntimo do sono, o branco com lisases de sua romântica roupa de cama, a espuma revelada pela boca aberta da fronha como displicente nudez de uma pele sagrada, de um amante, que denise patrícia tocou com as mãos de uma primeira carícia vacilante -- ela abraçou o travesseiro como o corpo de um homem e afagou suas entranhas com os dedos deslumbrados pela sensação a mão animal sob a terra pelo cós daquela calça. o conforto de um perfume secreto tão perto de seu rosto pareceu surpreendente. ela mal acreditava em seus sentidos, no prazer de oferecer um toque a um tronco macio que o permitisse; denise patrícia mal acreditava no poder de haver um volume que envolvesse com um cuidado muito cúmplice contra seu peito enquanto via no teto do quarto quente e morna um filme como visto a dois por dois recentes namorados.

sábado, fevereiro 02, 2008

heart of darkness

tenho tido ultimamente essas visões, que não são bem como sonhos. nem como sonhos acordados. na verdade, já faz um tempo que mal me lembro de meus sonhos. e não me lembrar de meus sonhos é uma coisa particularmente ruim, para mim acostumado a ser guiado pelas noites depois dos mais diferentes dias, rumo a qualquer episódio onírico sempre sempre muito mágico-- como se fosse o sono um perfeito filme de perturbadora aventura, onde o tesouro sempre sou eu mesmo, o meu entendimento sobre mim, brilhando como moedas de ouro quando desperto sob o sol do outro dia; o sono é um perfeito entrar numa wallstreet fantástica e tratar de negócios com meus inflacionados desejos secretos;. e ,depois de um sonho, acordar na realidade é como estar indo dormir de novo, para dentro de pequenos sonhos vulgares do dia-a-dia, de delírios de febre, de sonhos gentis em que eu levito ou de pequenos pesadelos. geralmente de pequenos pesadelos.
é no meio desse dormir para fora que me ocorrem as tais visões, suspiros com imagens flashes dos sonhos noturnos presos bem no fundo de minha cabeça, que já não me visitam mais como deviam e que minha insônia diurna precisa então capturar---- são flashes mas são flashes volitivos, cenários arbitrários inspirados num desejo interior, meu eu secreto insistindo em ser compreendido - não mais, porém, pela desenigmificação dos sonhos noturnos, e sim por aquele desejo, por querer projetar-me para lá,.
e essas visões são visões sempre de desbravamento, em meio a uma floresta mítica de árvores gigantes; visões de desbravamento marítimo, navios de variados portes, a bordo dos quais me alço em oceanos virulentos, em missões como caças a sereias e descobertas de novos continentes. tudo me atinge enquanto meus olhos se abrem e fecham, muito rapidamente, e me acho ent~ao inteiro impregnado com o cinza de chumbo do mar e do céu, das tormentas que assolam minhas viagens, com o meu coração em chamas no coração da escuridão, os homens correndo ao meu redor, a tempestade passando por dentro de mim, meus olhos injetados enquanto tenho nas mãos algum cordame de vela, lutando em nome da sobrevivência.
e então agora tudo é meio diferente. -->fugir<--- costumava ser meu anseio secreto e também meu anseio manifetso, a resposta do código em meus sonhos, lúcidos ou não. fugir mais como um desaparecer, um renunciar a quase todas as ambições tontas da vida; isso parecia algo a se fazer. mas agora eu sou um desbravador em novos e constantes relâmpagos de desejo durante o dia. um caçador, um homem que se vislumbra necessariamente em meio à água turbulenta --e persevera. que escapa da vida e ainda luta por ela.----- e só o que ainda não me consta mesmo é o jeito como a história que essas visões contam, uma hora, vem a terminar.

domingo, janeiro 20, 2008

ghost of his smile

às vezes o fim do dia é como o meio de uma estrada. supondo que você tenha um carro e um dia deixou sua casa seu trabalho seu apartamento anônimo com um mensageiro do vento na janela e resolveu cruzar estradas ,orientado por mapas se desdobrando rumo ao encontro daquele abraço saudoso, ao encontro da pessoa que você deseja, ao encontro de alguém por quem você está apaixonado, por quem você chorou cem noites, alguém muito especial e único de quem você anseia envenenado ser o alguém especial e único, , que vai acolhê-lo e redimir seu corpo de tronco de árvore com beijos e carícias que serão só seus, em partes muito íntimas, aquela pessoa que merece ser completamente sua -- um dia você sai de casa, iluminado pela devoção e pelo perdão próprio e pela vontade de ser alguém melhor, como uma ambulância urgente transportando um coração sagrado, e o seu carro vira um cadillac de hollywood ao sol de óculos escuros e jaqueta com um coração rubro flechado estampado nela e a liberdade do amor que o fez trancar a porta do seu apartamento e esquivar-se do trabalho lhe acerta o rosto como um vento bandido. --- um dia você sai de casa, sua música favorita tocando em um peito de fornalha, uma música de aventura, de fim da civilização -- um dia você pega o carro, sai de casa para encontrar alguém especial muito distante, em outra cidade alguns muitos quilômetros distante, para um encontro surpresa-- e então a sua música favorita acaba e, antes que ela comece novamente, num milissegundo de realidade, você encosta o carro no meio da estrada vazia. desce, olha para trás calcula o caminho já feito e sente como aquela viagem foi estúpida. você sucumbe à ligeireza da felicidade. e a sua única vontade é de voltar pra casa, pro seu quarto onde estão todos os seus novos planos de verdade e tocar uma música nova, diferente,entristecida, de topo de montanha de nuvens onde você se senta só, contempla o mar de longe, onde o vento é um mar de ondas sobre sua cabeça. uma música não para sentir pena de si, mas apenas como companhia fantasma para um fim de dia num bar, um fim de dia ruim. de volta para você mesmo. e se a felicidade e o seu amigo no fim do dia são mesmo os dois fantasmas, que mal haveria de haver?