lembro da cena do piquenique promovido por julia em "1984", quando ela , tentando confortá-lo ---e confrontá-lo, dizia a winston (que mal podia, idealista e paranóico, acreditar no cinismo da nova parceira diante de todo o horror do sistema) que era preciso respeitar as leis menores de modo a conseguir burlar as maiores. acho que foi assim. que era preciso aquiescer ao que você deve fazer, suportar a mesquinhez da rotina produtiva, que você pode usar a máscara de cidadão regular de modo a voar sob o radar, não ser apontado pelo grande-olho em função de suas diferenças e ent~ao subverter a coisa toda por detrás da aparência.
fazer o papel faz parte do idealismo------ em algum ponto de eu-em-crise acho que vi isso como uma verdade, eu fui julia no piquenique depois de trepar com winston. percebi que não se trata de não ceder nunca, mas caminhar sobre as brasas em direção ao que se quer. e isso pressupõe uma visão assustadora do mundo, de que o mundo é um lugar de renúncias. mas só é assustadora, eu imagino, porque a gente pode pensar sobre isso e ver como a gente deseja demais e possui tão poucos recursos, e que existem caminhos fáceis em demasiado pruma vida que é, no fundo, tão difícil.
mas em alguns momentos eu quero acreditar que a vida é fácil, e que os caminhos é que são difíceis. e resolvo fazer o que há de ser feito, como um trabalho de teoria da literatura II para a próxima semana, ha fuckin ha. mas tenho quse certeza de que isso parece correto poruqe não consigo pensar em uma fuga realmente efetiva, e não me disponho a tentar. olho ao redor, escuto minhas músicas, leio meus livros, escrevo minha história, vou a esse a aquele lugar na sexta-feira --- e onde está a verdadeira fuga? o que é isso que eu faço que redime eficazmente o aborrecimento? por que depois de dizer (tanto faz) sim ou não a esse trabalho de teoria da literatura II , outros trabalhos virão? por que eu me sinto tão a parte mais estúpida de julia?
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