ia acreditar que o filme era tão bizarro que não orecisasse fazer as pessoas sentirem-se v´tiimas de uma má piada
logo depois que vi 'a vila', do m. night shyamalan, ainda ligeiramente encantado e me divertindo, enquanto tomava distraído a sopa do jantar, no processo de juntar e desjuntar novamente as peças que compunham o twist da trama, foi inevitável a sensação de que o meu cérebro , com um olhar desgostoso e surpreso de reprovação, jogava de volta pra mim como com uma espanada de vassoura a ofensa que eu lhe fazia. por um momento pareceu ultrajante demais que o filme tivesse feito sentido pra mim, e não tido nenhuma graça - apesar de ser motivo de riso - pra mais ninguém com quem tive a chnace de discutir a respeito antes da minha ida ao cinema. mas como?
incerto como eu andav sobre tudo, fiquei incerto sobre isso também : seria, deus, eu? seria a triste constatação do cair no gosto pelo pouco? a mediocridade chupando minha cabeça como um picolé? teria eu deslizado para dentro duma decadente no-go-area?
bem, é o tipo de receio mesquinho que, à primeira vista, supõe a presunção dum gosto apurado que periga se perder. . mas nesse caso nem era o meu pretenso bom-gosto, mas as minhas prórpias certezas que eu estava questionando. naquele momento, o discreto sinal da dúvida sobre confiar no meu p´roprio ponto de vista virou um alarme ensurdecedor. com luzes girando. uma tussidazinha intelectual era um assustador sintoma duma tuberculose espiritual. eu acreditava , e
eu acredito que, uma vez seguro de si, de seus valores, de sua verdade, não há o que temer. não há o que a novela, a música romântica no rádio, o big brother, o filme do supercine, a revista caras da semana, nada desse mundo bizarro possa realmente ameaçr ou desonrar. talvez seja só perda de tempo. mas não há porque não sair ileso.
a minha desconfiança de mim me conduzia à beira disso. das catarses alarmistas e falsas e inoportunas.
ao medo de não estar saindo ileso. de ter sido corrompido por alguma força massificante invisível que começava me fazendo ignorar a falta de sutileza cinematográfica do shyamalan e me levaria deus sabe aonde, à insensibilidade brutal, à ignorância do progresso científico, à insegurança irremediável e irreversível, ao eterno será-que-eu-não-estou-vendo-?
algo que me deixaria cego cego cego cego cego como a moça do filme
que não me deixaria ver o que havia de reprovável e oh drama drma drama.
um sentimento indigno de alarme , afinal.
aos poucos, fui me livrando da culpa por ter simpatizado com o filme, como simpatizei com tantos outros de que eu nem me lembro mais. passou. era só um filme. que me trouxe coisas positivas. diversão, com um pouco de culpa, mas diversão. o negócio é que eu não costumava sentir essa coisa de culpa pelos momentos de diversão clandestina nas no-go-areas. e não sinto., e esse post talvez seja sobre a culpa por perder a bravura de não sentir culpa.
, na verdade, até com bastante convicção achei que,se fosse professor de sociologia no colégio, faria uma sessãozinha de 'a vila' quando fosse falar sobre mitos e alienação. quer dizer, tem 'o senhor das moscas' também, aquele do grupo de meninos náufragos habitando uma ilha deserta, mais cult, com menos desvios artísticos;; mas esse já é o clássico acadêmico para mito-e-alienação. e,bem, eu não me oporia à idéia da sessão dupla. quem viesse pros dois, ganhava 2 pontos.
mas aind assim. pra mim, o filme valera a pena de um modo geral, mas não conseguia saber bem se havia um motivo médio pelo qual não deveria valer. e hhmhmm a bit curious pra saber se era mesmo possível estar sozinho na minha simpatia . google , "'the village' reviews". e deu na mesma,. gente cansada das guinadas, o escrutínio do roteiro picotado, uma idéia com potencial presa num filme bobo. há a simpatia, porém , em um review 3-estrelas aqui outro ali - 'bons atores', 'câmera habilidosa', 'direção de arte impecável', 'creepy moments pontuais'. mas uma das coisas com que mais simpatizei em ' a vila' no momento, nenhum 3-estrelas que vi também achou tão digno : aquilo a que o filme leva a pensar. a pequena porta do pensamento que se abriu. como em 'corpo fechado', a gênese do super-herói, que considerei, pobrezinha, uma idéia tão subestimada.é o tipo de filme que, tendo um sentido interessante, ganha um sentido de existir. um negocinho para além do entretenimento bem-feito-mal-feito.
visitsm
mas hm;
visitando e visitando, se vai a lugares. num deles, enquanto se discutia os méritos de shyamalan como roteirista, houve num fórum alguém questionando o propósito de se criar uma raça alienígena que cruzava o espaço sideral mas sequer era capaz de girar a maçaneta para cruzar uma porta. 'sinais'.
post após post após post. até que esse apareceu, e ficou por aqui:
'your argument about how the aliens can travel thru space but can't open doors is stupid and typical of how americans think.... we humans can go to space, build nuclear missiles, supercomputers and aeroplanes yet we can't even cure the common cold? maybe the aliens have their alien kuro5hin and running this thread right now..! the point is, you cannot look at things from a microscopic (i.e. earthly) point of view. opening doors and interstellar travel are unrelated skills which need not be correlated.'
[by WreckingCru on Wed Sep 8th, 2004 at 01:25:22 PM EST]
incerto como eu andav sobre tudo, fiquei incerto sobre isso também : seria, deus, eu? seria a triste constatação do cair no gosto pelo pouco? a mediocridade chupando minha cabeça como um picolé? teria eu deslizado para dentro duma decadente no-go-area?
bem, é o tipo de receio mesquinho que, à primeira vista, supõe a presunção dum gosto apurado que periga se perder. . mas nesse caso nem era o meu pretenso bom-gosto, mas as minhas prórpias certezas que eu estava questionando. naquele momento, o discreto sinal da dúvida sobre confiar no meu p´roprio ponto de vista virou um alarme ensurdecedor. com luzes girando. uma tussidazinha intelectual era um assustador sintoma duma tuberculose espiritual. eu acreditava , e
eu acredito que, uma vez seguro de si, de seus valores, de sua verdade, não há o que temer. não há o que a novela, a música romântica no rádio, o big brother, o filme do supercine, a revista caras da semana, nada desse mundo bizarro possa realmente ameaçr ou desonrar. talvez seja só perda de tempo. mas não há porque não sair ileso.
a minha desconfiança de mim me conduzia à beira disso. das catarses alarmistas e falsas e inoportunas.
ao medo de não estar saindo ileso. de ter sido corrompido por alguma força massificante invisível que começava me fazendo ignorar a falta de sutileza cinematográfica do shyamalan e me levaria deus sabe aonde, à insensibilidade brutal, à ignorância do progresso científico, à insegurança irremediável e irreversível, ao eterno será-que-eu-não-estou-vendo-?
algo que me deixaria cego cego cego cego cego como a moça do filme
que não me deixaria ver o que havia de reprovável e oh drama drma drama.
um sentimento indigno de alarme , afinal.
aos poucos, fui me livrando da culpa por ter simpatizado com o filme, como simpatizei com tantos outros de que eu nem me lembro mais. passou. era só um filme. que me trouxe coisas positivas. diversão, com um pouco de culpa, mas diversão. o negócio é que eu não costumava sentir essa coisa de culpa pelos momentos de diversão clandestina nas no-go-areas. e não sinto., e esse post talvez seja sobre a culpa por perder a bravura de não sentir culpa.
, na verdade, até com bastante convicção achei que,se fosse professor de sociologia no colégio, faria uma sessãozinha de 'a vila' quando fosse falar sobre mitos e alienação. quer dizer, tem 'o senhor das moscas' também, aquele do grupo de meninos náufragos habitando uma ilha deserta, mais cult, com menos desvios artísticos;; mas esse já é o clássico acadêmico para mito-e-alienação. e,bem, eu não me oporia à idéia da sessão dupla. quem viesse pros dois, ganhava 2 pontos.
mas aind assim. pra mim, o filme valera a pena de um modo geral, mas não conseguia saber bem se havia um motivo médio pelo qual não deveria valer. e hhmhmm a bit curious pra saber se era mesmo possível estar sozinho na minha simpatia . google , "'the village' reviews". e deu na mesma,. gente cansada das guinadas, o escrutínio do roteiro picotado, uma idéia com potencial presa num filme bobo. há a simpatia, porém , em um review 3-estrelas aqui outro ali - 'bons atores', 'câmera habilidosa', 'direção de arte impecável', 'creepy moments pontuais'. mas uma das coisas com que mais simpatizei em ' a vila' no momento, nenhum 3-estrelas que vi também achou tão digno : aquilo a que o filme leva a pensar. a pequena porta do pensamento que se abriu. como em 'corpo fechado', a gênese do super-herói, que considerei, pobrezinha, uma idéia tão subestimada.
visitsm
mas hm;
visitando e visitando, se vai a lugares. num deles, enquanto se discutia os méritos de shyamalan como roteirista, houve num fórum alguém questionando o propósito de se criar uma raça alienígena que cruzava o espaço sideral mas sequer era capaz de girar a maçaneta para cruzar uma porta. 'sinais'.
post após post após post. até que esse apareceu, e ficou por aqui:
'your argument about how the aliens can travel thru space but can't open doors is stupid and typical of how americans think.... we humans can go to space, build nuclear missiles, supercomputers and aeroplanes yet we can't even cure the common cold? maybe the aliens have their alien kuro5hin and running this thread right now..! the point is, you cannot look at things from a microscopic (i.e. earthly) point of view. opening doors and interstellar travel are unrelated skills which need not be correlated.'
[by WreckingCru on Wed Sep 8th, 2004 at 01:25:22 PM EST]
opening doors and interstellar travels are unrelated skills which need not to be correlated.
viagens interestelares x abrir portas. isso me pareceu tão especialmente simbólico.
logo depois de brilhantemente estúpido, é claro.
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